14 de março de 2012

Marche Funèbre

Em cada um de nossos mortos, vai um pouco de nós. Até que de pouco em pouco, se vai tudo, e nós nos tornamos os novos mortos. Eles nos ensinam em seu silêncio mais do que qualquer ciência dos vivos poderia. O preço do aprendizado, entretanto, é caro demais. As lembranças contribuem para nosso martírio de cada dia. E aquilo do que antes reclamávamos, nos faz falta. Eis que jamais serei tão forte quanto fui, no momento em que tive que controlar minhas órbitas oculares, para não saltarem de pavor e tristeza, de dor e tristeza, de saudade e tristeza. Mas é com a dor que lhe pagarei uma passagem tranquila à eternidade. É com a dor que lembrarei de ti para todo o sempre. É com a dor que compensarei todo o seu sofrimento. And we'll love again, and we'll laugh again, and we'll cry again, and we'll dance again.

9 de março de 2012

Reza a lenda...

Que quando os instintos afloram, a represa cede e devasta tudo. Tudo que era, deixa de ser. Eis o motivo pelo qual reprimi com todas as minhas forças aquele pensamento, que nada mais é que o mais profundo dos meus desejos e o mais inconfessável dos meus segredos. Se concreto se tornasse, talvez eu experimentasse isso que chamam de felicidade. Não sobraria resto dessa mandona racionalidade, a quem sou ingrato, e por isso peço desculpas. Só não sei se com ela eu também seria devastado, ou se restaria alguma coisa de mim para conter a consciência do que jamais tive. No fim das contas, no frenético violar das pétalas, eu anseio profundamente pelo dia em que meu rubor cederá à natureza e que a beleza deixe me castigar.