20 de setembro de 2011

Verborragia nº 1

Atrever-se a usar o verbo sentir, e ser obrigado a sucumbir às dores triviais, do rancor que comprime veias ao abrir a janela e ver. Ver menos que Aurélia em seu simplório século. Grande tempo de sensualidade? Pff! Grande tempo de vomitar, que enjôo é só o que causa esse desfile de atributos invejáveis. Invejáveis não pela forma, menos pela matéria, mas por um sentimento desconsiderado. Que eu me amasse incondicionalmente. Que você me amasse só um pouco que fosse. E que o mundo amasse a si próprio, ainda que o mínimo, para nos permitir  viver em suas florestas geladas e silenciosas, como nas ilustrações dos contos de fada, onde o feio disfarça-se em beleza, e tão bem engana, que não incomoda, e passa, e satisfaz a necessidade da visão. Pronto! Está decidido. Uma cabana semi-luxuosa, feita de tijolos e madeira, decorada com objetos modernos e antigos, frio natural e calor artificial, silêncio, que é o principal, piscina, e toda a floresta em volta, como no sonho da garota que queria crescer e fazia a água ferver. O anoitecer curaria todas as minhas feridas. Eu nasci para o gelo e para o escuro. A luz, portanto, também me serve para valorizar sua ausência.

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