29 de julho de 2011

Corpo interrompido

Um pequeno descuido, sonhos em pedaços. Um corte sutil, toda virtude comprometida. Uma vontade incontrolável, todos os reflexos desfeitos. Uma imagem de quase-perfeição. Uma incisão do umbigo ao pescoço, lágrimas vertem. Corpos imersos num lago de memórias perdidas, ou numa banheira de desespero instantâneo. Beleza exposta em inércia assustadora, tragicamente perene, contraditoriamente efêmera. Toques nervosos em carne mórbida. Suaves como plumas, frios como geleiras. Tão perigosos em sua incapacidade, tão dispostos a nada, e tão cientes de tudo que não sabemos. Lânguidos braços, pálidas faces. Terão encontrado o objeto de nossos anseios? Terão descoberto o significado de toda a energia gasta em mecânicas fórmulas de persecução de felicidade? Poderiam lábios ressecados contar-nos segredos? Beijar-nos antes que levem embora nossos sorrisos dos dias seguintes? Ou será que só de indiferença se constituem os corpos interrompidos?

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