13 de agosto de 2011

Auto-flagelo

A rotina é de trivialidades. Mas as consequências são de cinema. Semanas correm e acrescento marcas e marcas na parede. Cada uma representa um drama. Dramas naturalmente não duram segundos, mas aprendemos a estendê-los em auto-flagelação. Os choques são mais abruptos que rasteiras e mais dolorosos que qualquer dessas outras dores que tanto tememos. Mesmo quem não acredita em karma, interpreta os castigos como restauração de um equilíbrio instável, cujo lado positivo se encerra no acordar a cada dia. Eu penso que existir é o lado mais negativo de todos, só não pior do que desconhecer o não existir e não poder sabê-lo melhor ou pior. E do nascimento à morte, se tenta desesperadamente torná-lo suportável, com festas e jogos. Para estes, gritos desafinados não significam nada. Nem traços desconexos. A contradição é que a disformidade representa muito mais para quem busca sentido, do que para quem ignora e se entrega completamente.

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