17 de agosto de 2011

Carrara

Dores no objeto decorrem de força imposta pelo sujeito. Desconsiderou de que material fosse feito a massa em vias de solidificar-se. Pensasse talvez que fosse de qualidade superior, e ainda pensa, em verdade. Por isso não teve dó nem piedade ao empurrá-lo contra a correnteza, ao moldá-lo segundo seu ideal de perfeição. Um ideal grande-pequeno, por isso mesmo alcançável. Perfeição minha, acentuo. Não foram poucas as vezes em que pedaços caíram de tanto rebuscamento empreendido de forma falha. Colocasse-o de volta. Um pouco mais de cuidado. Uma dor mais aguda. Mas o resultado faria valer a pena. Ainda dói, não foi completamente finalizado. Quando deslumbrar a imagem perene de traços delicados, de conteúdo útil e severo, figurará entre as obras de perfeição do Partenón. 

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