11 de agosto de 2011

Sado-Maso

Persiste em matar-me aos poucos e regozijar-se aos montes da energia desprendida num ato de piedade tão mal visto. Se eu pudesse ver através da venda preta de listras brancas finas e diagonais e meu olhar de medo disfarçado em coragem excessiva encontrasse o seu, talvez eu descobrisse o sentido da vida, que se esvaía em cacastas de sangue do meu baixo ventre ao assoalho. Todos os instrumentos de tortura dispostos organizadamente sobre a fria placa de metal indiferente e estéril. Amordacei minha alma, de modo que não pudesse gritar. Em contrações involuntárias de bíceps, tríceps, quadríceps e qualquer outro músculo terminado em "ceps", experimentei a dor que, em você, se confunde com um prazer transcendente. Tudo me leva a crer que é tênue a linha que separa a dor do prazer, daí a dor-de-prazer que costumamos falar. Nos ultimos movimentos que experimento, procuro sua forte estrutura óssea, tão bem representada por uma mandíbula destruidora de expectativas. Da semi-escuridão ao total bréu, consegue desvencilhar-se de amarras um dos muitos dentro de mim, e grita para o vazio, de dor e desespero, e encontra um sorriso embassado, dissipando--se, em versos sussurados: "Sou tudo que jamais poderá ter".

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